
Nesta terça-feira (15), uma roda de conversa reuniu referenciadas do Centro de Referência Albertina Vasconelos (Crav), vinculado à Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, a 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e o projeto de extensão Núcleo Viva, da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O encontro aconteceu na sede do Crav, uma dia após a assinatura do decreto que institui a Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e Meninas e Prevenção ao Feminicídio, e o Comitê Permanente Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e Meninas e Prevenção ao Feminicídio.
A coordenadora de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Monique Cajaíba, destacou este primeiro encontro após a publicação do decreto municipal e reforçou a importância dessa parceria entre os poderes para maior efetividade das ações. “Essa ação só vem reforçar que as ações sejam realizadas em rede, em parceria, para que a gente possa estar garantindo todos os direitos dessa mulher, não somente na questão municipal, mas também em todos os outros quesitos. Esse momento faz parte do nosso fluxo de atividades aqui, do nosso plano de ação, e esses grupos terapêuticos acontecem mensalmente. Como funciona? Em diversos meses há temáticas que eles acabam diferenciando, e aí a gente fez uma pesquisa com essas mulheres e elas gostariam de entender um pouco mais sobre a medida protetiva, de entender um pouco mais sobre quais os direitos. É um momento de troca, um momento em que essas mulheres poderão também estar contribuindo com as sugestões de como a gente pode trabalhar melhor em rede”, ressaltou a coordenadora.
O juiz da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Alerson do Carmo, destacou o trabalho conjunto entre as instituições e abordou este primeiro encontro após a formalização da criação da Rede de Enfrentamento. “E esse decreto assinado ontem vai possibilitar que não só a gente possa conhecer os outros órgãos, mas que os órgãos, entre si, possam estar interligados e que a gente possa criar de maneira institucional os fluxos de atendimentos, porque a gente sabe que a rede de proteção da mulher é um sistema multiportas, ou seja, a mulher pode entrar nesse tema por qualquer uma dessas portas. E que cada órgão que receba essa mulher possa dar a ela todos os conhecimentos necessários e os encaminhamentos para os outros serviços da rede”, disse.
Ainda segundo o juiz, a 1ª Vara de Violência Doméstica está com um projeto de escuta qualificada das mulheres, porque elas não só são destinatárias desse serviço, mas a ideia é que elas também participem da construção de políticas públicas. “Então, essa escuta qualificada é extremamente importante para a gente ter um feedback de quais são as necessidades, quais são as expectativas que elas têm em relação ao sistema de justiça, o que a gente pode melhorar o serviço em relação a elas”.
A professora da Ufba, Tarcísia Castro Alves, falou sobre o projeto Núcleo Viva, que está em fase de implantação em parceria com a 1ª Vara. “A gente está traçando o perfil das mulheres vítimas de violência que estão com medida protetiva, identificando essas mulheres, com dados sociodemográficos, vendo de onde elas são, onde elas vivem, com quem elas vivem, se elas possuem um dependente financeiro, quais os tipos de violência elas sofreram, quais informações elas querem acrescentar para que nós possamos potencializar essa rede de proteção”, explicou.
Rosa dos Santos é referenciada do Crav desde 2016. Ela declarou que após buscar o centro recebeu todo o apoio necessário, assim como dos outros órgãos que compõem a rede. “Eu vinha sofrendo, mas não tinha uma rede de apoio. E foi aqui que me encorajou a tomar uma medida protetiva por conta de ameaças, perseguição, sabe? Então, foi aqui que eu me encorajei, porque eu vinha e vi as mulheres falando. Sempre que dá eu participo desses encontros”, disse.
Também referenciada do Crav desde 2016, Dina Silva também agradeceu o trabalho realizado pelo centro e pelos encontros que são realizados no espaço. “Eu gosto muito daqui, porque eu já sofri violência verbal e física e cheguei aqui numa situação muito difícil, sentia medo, pela violência que eu sentia, e eu achei um apoio aqui. É muito bom você receber uma palavra de apoio, e aqui no Crav sou muito bem atendida. Só tenho a agradecer. O atendimento aqui é muito bom, muito especial mesmo”.