Big Jackson sente saudade e vontade de voltar a dançar como Michael

Falecido em 25 de junho de 2009, aos 50 anos de idade, em Los Angeles, Estados Unidos, o cantor/dançarino norte-americano Michael Jackson continua vivo e presente no coração de milhões de pessoas em todas as partes do planeta — e naturalmente aqui também —, onde José Raimundo Paixão, o ‘Big Jackson’, repetia os passos e o incrível deslizar do seu ídolo nas pistas de dança. Acidentado há duas décadas, ele confessa saudade e vontade de repetir o que fazia antes disso, encantando o público!

Vê-lo deslizando no passeio do Feira Tênis Clube, em frente ao prédio da Rádio Cultura, na Rua Geminiano Costa, enquanto caprichosamente ‘dava um trato’ lavando automóveis ali parados, era impressionante. Era como se ali estivesse a brincar o astro norte-americano Michael Jackson. E quando ele, com um traje preto delineador, se exibia, tornava-se impossível não parar, respirar e olhar de novo! Assim surgiu Big Jackson, nos anos 80, talvez sem imaginar o sucesso que faria. E foi assim observado pelo prefeito José Falcão da Silva (1983/1988), que, com fama de festeiro, quis saber quem era aquele menino.

“O prefeito José Falcão foi o primeiro, ou a primeira autoridade, a conversar comigo, a elogiar e me ajudar”, lembra Big Jackson, batizado José Raimundo da Paixão. Depois, várias outras autoridades reconheceram a arte do dançarino e ele cita: “o Dr. Colbert Martins da Silva, José Raimundo de Azevedo, os vereadores Oyama Figueiredo, Roberto Tourinho, Antônio Carlos Coelho, o deputado José Ronaldo de Carvalho e a professora Lindinalva Cedraz. Aliás, foram muitos que me ajudaram e eu agradeço de coração”, garante. Destaca ainda o radialista Silvério Silva, promotor da Corrida de Jegues, outro importante incentivador. Das apresentações nas ruas para os clubes e danceterias, fizeram de Big Jackson uma figura notória na Cidade Princesa.

Nascido em 19 de março de 1967, no bairro Barro Vermelho, e logo passado a morar na Baraúna, José Raimundo começou a trabalhar muito cedo para ajudar a mãe, dona Joana Benta da Paixão, nas despesas de casa. Aos 11 anos, vendia picolé e doces nas ruas. Inspirado no tio Amado, centroavante do Botafogo de Feira, bom de bola que não quis se profissionalizar e preferiu ser cantor de serestas, entre os 15 e 17 anos de idade José Raimundo passou pelos juvenis do Fluminense, treinado por Arsênio Santos, Ypiranga e Flamengo. Era o que se chama hoje de ‘um jogador de beirada’, rápido pelo lado direito, mas não era seu sonho.

Resolveu encarar o microfone cantando axé, aproveitando a ginga de capoeirista, como bom aluno do mestre Muritiba. E talvez tenha sido essa ginga que facilitou seu acesso ao mundo encantado de Michael Jackson. Foi só assistir a um filme do saudoso ídolo norte-americano para passar a dançar de forma similar. Logo a cidade tomou conhecimento do Jackson feirense. Lembra que se apresentou pela primeira vez na Danceteria Brasão, de Gordo, na Rua Nova, e no dancing de Paulo Brasileiro. Depois vieram Scala Danceteria, Euterpe Feirense, Estrela do Norte, terraço do Caroá, onde ganhou concursos e prêmios, Dance Me, Boate do Guaraná (FTC), Boate do CC Cajueiro — “levado por Lula Brasil”, diz, agradecido.

O sucesso na dança talvez tenha sido também a razão do seu insucesso. Em 2000, pronto para ir ao Japão, onde deveria fazer apresentações, saiu com amigos e “bebi demais”. Por isso mesmo deixou um amigo — que “já faleceu” — pilotar a sua moto. Resultado: uma manobra errada e a violenta queda que inutilizou seu braço direito, apesar da assistência especializada, inclusive no Hospital Sarah Kubitschek, em Salvador. Além do problema físico, que o acompanha até hoje, houve o financeiro. Nesse caso, Big Jackson não esquece o apoio de Chandinha Falcão: “Sem ela, não sei como faria para manter minha família. Nunca mais a vi, mas serei grato para sempre à senhora Chandinha Falcão.”

Impedido de dançar, mas livre da bebida e do fumo há 16 anos, Big Jackson voltou suas ações em duas direções: o Bloco Nelson Mandela — oito vezes campeão no desfile da categoria na Micareta, hoje liderado por sua filha Michele Silva Paixão — e o projeto Sai da Rua, que trabalha em apoio a crianças menos favorecidas, com sucesso e reconhecimento público. O Bloco Nelson Mandela levou-o a conhecer o grande líder pacifista africano, quando de uma visita a Salvador. “Conheci Nelson Mandela e agradeço a Lurdinha (Lourdes Santana), que me possibilitou isso.” Aos 60 anos (não parece), casado com a senhora Suely Silva Paixão — “uma grande companheira” —, pai de 10 filhos que já lhe premiaram com 15 netos, Big Jackson confessa saudade dos tempos das danceterias e a vontade de vestir o traje negro e novamente dançar ao som de Billie Jean, Thriller e outros grandes sucessos do seu ídolo e de milhares de pessoas. Um dia, quem sabe?

Por Zadir Marques Porto

Fonte: Prefeitura de Feira de Santana

#FEIRA DE SANTANA

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