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A pressão das empresas de tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados está impedindo que os governos implementem políticas de saúde que salvam vidas, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (18).
As Nações Unidas dedicarão um dia ao combate de doenças não transmissíveis, como câncer e doenças cardíacas, na próxima quinta-feira (25), durante seu encontro anual em Nova York. A OMS, agência de saúde da ONU, afirma que os produtos contribuem para essas condições.
Em um relatório separado, a OMS concluiu que se os governos investissem US$ 3 por pessoa em doenças não transmissíveis poderiam salvar mais de 12 milhões de vidas e gerar uma economia de US$ 1 trilhão até 2030.
Mas a declaração da OMS afirma que os governos geralmente enfrentam um intenso lobby dos setores que tentam bloquear, enfraquecer ou atrasar as políticas, que vão desde impostos sobre a saúde até restrições de comercialização para crianças.
“Muitas vezes, os governos enfrentam uma oposição feroz dos setores que lucram com produtos não saudáveis”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa nesta quinta.
O médico Etienne Krug, diretor do Departamento de Determinantes da Saúde, Promoção e Prevenção da OMS, afirmou:
“É inaceitável que os interesses comerciais estejam lucrando com o aumento de mortes e doenças”.
À Reuters, os representantes dos setores de alimentos, tabaco e álcool rejeitaram essa caracterização, dizendo que saúdam a oportunidade de contribuir para a discussão sobre como reduzir os danos e que o diálogo é importante.
Na reunião da ONU, os governos devem chegar a um acordo sobre novas metas para doenças não transmissíveis e um roteiro de como chegar lá, mas grupos de saúde alertaram que o rascunho da declaração política já foi diluído.
Empresas de tabaco como a Japan Tobacco International, bem como associações do setor de alimentos e cerveja, disseram à Reuters que a ONU convida o setor a participar, e isso pode resultar em políticas mais eficazes.
A International Food and Beverage Alliance afirmou que era impreciso equiparar alimentos a tabaco e álcool.
“Discordamos veementemente da caracterização de nosso setor como obstrução ao progresso”, acrescentou Rocco Renaldi, secretário-geral da aliança do setor, que representa empresas de alimentos e bebidas não alcoólicas.
As empresas de tabaco disseram que a discussão é importante.
“A OMS não deve temer o diálogo — deve acolhê-lo”, declarou porta-voz da Philip Morris International.
Fonte: Agência Brasil