
A Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM) promoveu, nesta quinta-feira (11), o Seminário Masculinidades positivas para as relações de gênero, no auditório do Instituto Anísio Teixeira (IAT), em Salvador. A atividade integra a programação dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e reuniu cerca de 100 participantes, entre servidores públicos, representantes da sociedade civil, pesquisadores e estudantes.
O encontro teve como objetivo fomentar reflexões e fortalecer práticas de masculinidades saudáveis, reconhecendo o papel estratégico dos homens na construção de uma sociedade livre das violências de gênero.
Durante a abertura, a secretária das Mulheres do Estado, Neusa Cadore, destacou que o engajamento dos homens é fundamental no enfrentamento às violências. “Para prevenir a violência, envolver meninos e homens como protagonistas dessa transformação cultural é um passo fundamental. Os homens precisam se engajar, se indignar, pensar sobre isso e se sensibilizar. As mulheres estão adoecidas. Este tema é urgente. A violência de gênero segue sendo uma realidade alarmante e estrutural em nossa sociedade, exigindo mudanças profundas nos modos como os homens se relacionam consigo mesmos, com outros homens e com as mulheres”, afirmou.
O defensor público do Estado da Bahia, Adriano Oliveira, especialista em Direitos Humanos, apresentou a temática da paternidade responsável, trazendo dados que reforçam a necessidade do debate. Em 2025, mais de 163.807 crianças foram registradas sem o nome do pai no país; apenas na Bahia, foram 11.598 registros com o nome somente da mãe. “Quando falamos de paternidade responsável, estamos falando de coisas reais. Nosso papel é educar em direitos. O poder da masculinidade que se propaga é muito grande, e muitos homens não sabem qual é o seu papel enquanto pais porque a sociedade não ensina. Paternidade não é apenas um lastro biológico, é um ato político e social. Ao falar de paternidade, falamos de crianças, falamos de mulheres e de toda a estrutura que impacta suas vidas”.
O seminário também debateu o tema “Construindo masculinidades positivas: experiências e interseccionalidades”. O debate contou com a contribuição de João Paulo, assistente de projetos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), de Caio Guimarães, ativista e coordenador executivo do Fórum Trans e Travestis da Bahia; do professor Joane Macieira, especialista em Educação, Pobreza e Desigualdade Social; e John Florentino, Conselheiro Municipal LGBTQIAPN+ de Salvador.
“Precisamos melhorar enquanto homens, enquanto ser humano”, reforçou o servidor público e cantor de rap Marcos Vinícios Santos, que durante o debate, explanou sobre autocuidado, afeto e responsabilidade masculina. “Precisamos melhorar nas relações, falar com o irmão, chorar, desintoxicar, falar de sentimentos, fazer terapia, ter mais diálogo. Os casos de violência estão acontecendo na nossa porta. Precisamos ajudar a melhorar a condição das mulheres. Parabenizo a SPM por fazer esse diálogo com a gente”, disse.
O coordenador de segurança Wilson de Jesus ressaltou a importância do engajamento dos homens para enfrentar o cenário crítico de violência contra mulheres. “Gostei muito de participar desse seminário, e poder esclarecer o comportamento e a postura de todos nós diante dessa pandemia que vivenciamos hoje no país, na questão do feminicídio, é fundamental. A falta de respeito para com as mulheres e a falta de responsabilidade precisam ser enfrentados com mudança de atitude”, confirmou.




