Fundada pelo Lions Clube de Feira, para atender basicamente ao público infantil, daí a razão do título, a Biblioteca Monteiro Lobato, sempre na sua sede original – próximo à Catedral de Senhora Santana –, cresceu de importância atendendo, também, ao leitor adulto. São seis décadas contribuindo para a elevação intelectual do feirense.
Fundada em 1963, pelo Lions Clube de Feira de Santana, presidida na época pelo advogado e professor Fernando Pinto de Queiroz, ao longo de sete décadas a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, hoje setorial do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade Estadual de Feira de Santana (SISBI/UEFS), tem contribuído de forma expressiva na formação intelectual da população feirense graças ao seu qualificado acervo, disponibilizado ao público tanto para leitura e pesquisa nas dependências da casa cultural, como externamente, mediante cessão temporária ao leitor, que pode levar o volume desejado com o compromisso de devolvê-lo na data aprazada. A denominação da biblioteca é um preito ao escritor paulista Monteiro Lobato, um dos mais importantes autores da literatura infantil brasileira, com obras memoráveis como O Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Nos primórdios, a BSML teve como gestora a professora Junília Queiroz de Oliveira, popularmente “professora Elí”, que, para assumir a direção da biblioteca, fez curso no Serviço de Biblioteca Infantojuvenil da Bahia (SBIJB) e recebeu a importante visita de Denise Fernandes Tavares, diretora desse órgão e figura de grande destaque no segmento cultural da Bahia. A professora Junília foi casada com o médico Herval Monteiro de Oliveira e teve dois filhos: a bailarina Ângela Oliveira, fundadora da EARTE, e o engenheiro Luís Augusto. Na década de 1960, a leitura era prioridade no sistema escolar, por força do indispensável livro didático, aliando-se a isso a circulação de jornais diários, revistas e outros impressos informativos que atraíam a atenção dos leitores. Os romances para os jovens, principalmente as garotas; as revistas em quadrinhos, em especial de faroeste, para o leitor infantojuvenil; e as publicações informativas como as revistas O Cruzeiro e Esporte Ilustrado, voltadas para os adultos, eram disputadas nas bancas de jornais da cidade.
O interesse pela leitura na cidade de Feira de Santana pode ser mensurado pela frequência registrada na Biblioteca Monteiro Lobato no último trimestre de 1963. Em outubro de 1963, visitaram a biblioteca 3.376 jovens, sendo 1.901 (sexo masculino) e 1.475 (feminino). Em novembro, 2.054 visitantes: 1.186 (M) e 868 (F). Em dezembro, com o menor funcionamento e férias escolares, foram 450 visitas, 305 masculinas e 145 femininas. Em 12 de outubro de 1964, a direção da Biblioteca firmava parceria, ou termo de cooperação, com o município. A Prefeitura Municipal, na época, era titulada pelo professor Joselito Falcão de Amorim (1964/1965), indicado pela Câmara de Vereadores para ocupar o cargo de prefeito, em substituição ao advogado Francisco Pinto (Francisco José Pinto dos Santos), que fora deposto pelo governo militar. Em 1998, a Biblioteca Monteiro Lobato foi incorporada à Universidade Estadual de Feira de Santana, mas mantendo-se funcionando nas instalações originais na Praça Renato de Andrade Galvão (Praça da Catedral) e oferecendo ao público, independente do acervo de literatura infantil, compêndios de conteúdos variados e outros específicos em biologia, química, física, geografia, história, bem requisitados pela classe estudantil.
O acervo infantojuvenil conta com clássicos como Branca de Neve, Aladim, O Pequeno Polegar, O Gato de Botas, A Gata Borralheira, Dom Quixote, revistas da Disney, romances em versões infantis e quadrinizadas. Há livros em braile e outros especiais para leitores de baixa visão. O Diário Oficial do Estado, importante para consultas de funcionários ativos e aposentados, ocupa um compartimento. O prédio tem bom acesso, inclusive com piso tátil interno. Integrante da equipe da UEFS responsável pelo funcionamento da Biblioteca Setorial Monteiro Lobato, ao lado de Jorge Alberto Pereira Santos e Selma Soares, a analista da UEFS Schirley Mendes da Silva Moreira explica que o funcionamento da casa acompanha o horário comercial, de segunda-feira a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Um detalhe significativo é que o acervo conta com diversos volumes destinados a pessoas portadoras de deficiência visual, como Na Minha Pele, de Lázaro Ramos, Biografia de Hebe Camargo e Um Diário para Melissa, dentre outros. Também há um bom número de mangás (revistas em quadrinhos de origem oriental), voltadas para o público adulto, como Blue Dragon Ral Grad, Fairy Tail, Blood Lad e ainda livros atuais como a Série Divergente, Cinquenta Tons de Cinza, Crepúsculo e Percy Jackson.
A pequena frequência registrada atualmente deve-se, principalmente, ao final de ano, com os estudantes entrando no período de férias. Acredita Schirley Mendes que no próximo ano a frequência na unidade cultural voltará a crescer, até porque é meta da Universidade Estadual de Feira de Santana instalar internet com novos computadores e modernizar o acervo da biblioteca, o que hoje é fundamental para atender à demanda de estudantes e pesquisadores que frequentam a casa. Isso deverá dinamizar bastante o dia a dia desse importante estabelecimento de cultura de Feira de Santana.
Por Zadir Marques Porto




