Festa de Santana: uma tradição de fé com comemoração em várias datas

A secular festa de Senhora Santana, padroeira do município, uma das mais significativas do calendário católico na Bahia, é comemorada no mês de julho, com ponto máximo no dia 21, consagrado à mãe de Maria. A festa começou logo após o erguimento da pequena capela construída na Fazenda Santana dos Olhos d’Água e cresceu com Feira de Santana, mas sendo realizada em períodos diferentes, por conta do clima, até se fixar na data atual.

Maior manifestação religiosa do município e uma das maiores do gênero do Nordeste, a festa em louvor à Senhora Santana – excelsa padroeira do povo feirense –, que ocorreu com intenso brilho no mês de julho deste ano, como manda o calendário da Igreja Católica, nem sempre ocupou esse período. Surgida entre os meses de julho e agosto, tendo como ponto de partida os atos religiosos que reuniam dezenas de devotos de Santana na pequena capela erigida na Fazenda Santana dos Olhos d’Água, do casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Bandoa, a comemoração já transitou por outras datas até a fixação oficial.

A falta de registros, fato natural na época, impossibilita aos historiadores e pesquisadores estabelecer uma cronologia perfeita do festejo; todavia, com base em notas publicadas em jornais, sabe-se que a programação era desenvolvida no terceiro trimestre do ano, nos meses de julho e agosto, mas foi retardada para setembro, devido à rigorosidade do inverno, com chuvas contínuas e intenso frio. Em 1913, para poder atrair um maior número de fiéis, devido ao afastamento de algumas famílias, a programação foi relocada para o mês de janeiro, época de convidativo sol, ou de estiagem, como se diz popularmente.

Não há registros que possibilitem clarear quando ocorreu a exata mudança. Posteriormente, foi decidido atender ao calendário, e a Festa de Senhora Santana ganhou fixação no almanaque oficial do município no dia 26 de julho, precedida da saída do bando anunciador e do novenário que mobiliza milhares de fiéis. Além da programação estritamente religiosa, o festejo, no âmbito da sua originalidade ou tradição, inclui a lavagem da igreja e a levagem da lenha, eventos de caráter verdadeiramente popular, marcados pela alegria e a descontração dos participantes.

O final da programação é marcado pelo brilho da procissão de Senhora Santana, realizada na parte vespertina do dia 26 de julho, saindo da Catedral e a ela retornando depois de percorrer amplo trajeto por ruas do centro da cidade. Nos últimos anos, essa manifestação de fé tem-se apresentado cada vez mais numerosa, com o préstito sendo prestigiado pela comunidade. De volta à Catedral, verifica-se a palavra final do vigário e a bênção do Santíssimo Sacramento.

Todavia, dentre as efemérides natas da festa, que são as mais primitivas e diferem do culto religioso, estão a lavagem da igreja e a levagem da lenha. No primeiro caso, originariamente, a lavagem da frente do templo era feita por baianas, como tal trajadas, utilizando água perfumada. Havia participação de grupos de cavaleiros trajados com esmero, em animais bem cuidados, que mostravam habilidade desfilando pelas ruas da cidade. Não menos interessante era a “levagem da lenha”, nascida nos primórdios da comemoração, não como um simples adereço ou algo decorativo, mas por conta de uma essencialidade, já que, ainda sem sistema de energia elétrica na cidade, as fogueiras – queima de madeira (lenha) – eram a forma óbvia de clarear toda a área da praça, lateral do templo religioso.

Com a evolução e a implantação da rede de energia elétrica, tornou-se desnecessário o processo. Hoje, a “levagem da lenha” é um ato meramente simbólico ou rememorativo, mas que, olhando pelo ângulo histórico, não deve ser olvidado. Igualmente, merece lembrar que, ao lado das manifestações de fé, a Festa de Santana propiciava intensa onda de divertimento para a população, com a instalação, na área em derredor da Igreja, de parque de diversões, barracas de jogos, doces e lanches. No coreto, havia apresentação de filarmônicas, e as famílias residentes nas proximidades da Igreja de Senhora Santana sentavam-se em cadeiras colocadas no passeio para apreciar a movimentação.

Por Zadir Marques Porto

Foto: ACM

Fonte: Prefeitura de Feira de Santana

#FEIRA DE SANTANA

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