
Registro musical do grupo passa a integrar o circuito digital a partir do dia 13 de dezembro de 2025
“Esse trabalho é uma homenagem a meu pai, Coleirinho da Bahia, e a todo seu legado; e dedicado à minha mestra, Chica do Pandeiro, guardiã de tantos saberes da cultura popular”, afirma Guda Quixabeira, co-diretor musical do disco Vencedor de Batalhas, do grupo de samba de roda Quixabeira da Matinha.
O álbum é o primeiro registro fonográfico da banda a chegar oficialmente às plataformas globais de música, a partir do dia 13 de dezembro de 2025 (sábado). A obra reúne 24 composições de autoria própria da banda, em 12 faixas que registram parte da memória musical da comunidade, produzida ao longo de 37 anos de trajetória do grupo quilombola da Matinha dos Pretos, zona rural feirense.
O lançamento do disco “Vencedor de Batalhas” inscreve as histórias e tradições da Quixabeira no ambiente digital. O título faz referência aos enfrentamentos vividos pela comunidade até hoje. É um álbum que evidencia o sincretismo que marca o território; e que guarda as chulas, os bois de roça, sambas corridos, batuque soletrado, ijexá e o modo singular de fazer samba de roda na região. As canções foram selecionadas em curadoria conduzida pela mestra Chica do Pandeiro, Guda Quixabeira e Lore Cerqueira.
Dona Chica conta que o segundo sábado de dezembro é uma data associada a rituais festivos conduzidos por Coleirinho da Bahia, também conhecido como pai Marcos, liderança do Terreiro Marinheiro de Umbanda. Por muitos anos de funcionamento do terreiro, os encontros reuniram moradores do quilombo para celebrações que integravam samba de roda e manifestações religiosas afro-diaspóricas.
Hoje, o espaço funciona como a Casa do Samba Dona Chica do Pandeiro e a sede da Associação Cultural Coleirinho da Bahia; onde ocorre (na mesma data) o evento anual Samba de Candeeiro, manifestação cultural em memória ao tempo em que pessoas escravizadas fugiam de seus algozes e ali se escondiam para fazer o samba de roda acontecer como era possível, à luz do candeeiro.
RESIDÊNCIA MUSICAL NO QUILOMBO
“Foram 12 meses de convivência prévia para mapear a discografia e as histórias por trás de cada canção. Um dos convites mais especiais e desafiadores que eu já recebi”, explica Lore Cerqueira, jornalista, artista e produtora musical.
A produção do álbum envolveu o período de residência na própria comunidade, com ensaios, reuniões de curadoria para definição do repertório e acompanhamento contínuo do plano de trabalho. As gravações ocorreram entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, no estúdio quilombola da Casa do Samba Dona Chica do Pandeiro, com produção musical de Kelvin Diniz e Lore Cerqueira, em diálogo com Guda Quixabeira.
Esse acervo musical é resultado do trabalho coletivo que envolve a mestra Chica do Pandeiro (vocal e pandeiro), Aline Souza (vocal e percussão), Euzébio Oliveira (percussão), Marcos Cruz (cavaquinho), David Santos (violão), Tarcísio Estrela (violão), Islan Almeida (contrabaixo), Antônio Fernandes (percussão), Dermeval Maciel (percussão), Luís Eduardo (percussão), Marcelo Santana (percussão), Wanderson Santiago (bateria), Das Neves (backing vocal) e Guda Quixabeira que, além de sambador e intérprete principal, é compositor de 13 sambas desse disco.
As outras canções são de Aureliano Sambador, Coleirinho da Bahia, Chica do Pandeiro, Terezinha, Carmelita, Manezinho de Isaías, Antônio das Virgens, Ritta Faromi e Roberto Kuelho. O disco conta ainda com a participação da sambista feirense Maryzelia que canta os sambas da faixa 7 junto com as mulheres da Quixabeira da Matinha.
DISTRIBUIÇÃO E REALIZAÇÃO
O álbum “Vencedor de Batalhas” foi distribuído pelo selo coletivo Casa das Águas 75 e aponta caminhos possíveis para que outros grupos tradicionais do interior da Bahia ampliem sua presença no circuito profissional da música digital.
“Distribuir esse álbum nas plataformas musicais contribui para que as nossas tradições se mantenham vivas e em diálogo com novos públicos, fortalecendo a história e a cultura da nossa amada Feira de Santana”, destaca Lore Cerqueira, fundadora do selo voltado à formação, produção e difusão de musicalidades da cultura popular, periféricas e de produções femininas independentes.
A produção e lançamento do disco foram viabilizados por projeto contemplado em edital da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal, através da Prefeitura de Feira de Santana, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer. Esse projeto reforça o papel das políticas públicas de fomento para a salvaguarda e difusão do patrimônio cultural imaterial brasileiro.
A realização é do grupo Quixabeira da Matinha e da Casa do Samba Dona Chica do Pandeiro, com a produção executiva da Casa das Águas Comunicação e Cultura. A produção musical é assinada por Kelvin Diniz e Lore Cerqueira, que também é curadora, coordenadora geral do projeto e divide a direção musical com Guda Quixabeira. O projeto contou ainda com o apoio da Associação Cultural Coleirinho da Bahia e da Comunidade Culturasss.
Para receber o aviso do lançamento, o público pode fazer o pré-save por este link.




