Autoridades de Gaza admitem 1 milhão de deslocados no sul

Foto: © Reuters/Mahmoud Issa/Proibida reprodução

Cerca de 1 milhão de pessoas estão concentradas em Al-Mawasi e Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, para onde o Exército israelense dirigiu os deslocamentos forçados da população, anunciaram neste sábado (20) as autoridades locais.

O governo do grupo extremista Hamas disse que cerca de 900 mil pessoas permanecem na cidade de Gaza (norte), onde o Exército israelense faz uma ofensiva terrestre para tomar a principal cidade do território.

As forças israelenses têm determinado aos palestinos que saiam do norte em direção ao sul, embora tenham disponibilizado a estrada Rashid, junto à costa, causando grandes constrangimentos às pessoas em fuga.

Muitas pessoas já fugiram do sul para o norte desde que Israel iniciou a ofensiva na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, depois de ter sofrido um ataque do Hamas.

“Atualmente, [a área] tem aproximadamente 1 milhão de pessoas”, disseram as autoridades de Gaza em comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Uma porta-voz do Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) disse nessa sexta-feira (19) que as estimativas sobre o número de deslocados nos campos do sul ainda estão sendo atualizadas.

Entre a população palestina, o termo Al-Mawasi é utilizado para descrever toda a faixa costeira onde se concentram os deslocados, incluindo as praias de Khan Yunis e de Deir al-Balah, no centro do território.

O governo de Gaza denunciou que, apesar de Israel ter classificado as praias entre Al-Mawasi e Khan Yunis como “zona humanitária”, elas foram bombardeadas em mais de 110 ocasiões, causando cerca de duas mil mortes.

Um ataque israelense contra uma tenda em Al-Mawasi matou duas crianças de dez e seis anos, disse à EFE o chefe de pediatria do Hospital Nasser, Ahmed Al Farra.

As autoridades locais afirmaram que as áreas onde se concentram os deslocados “carecem por completo de artigos de primeira necessidade”.

“Não há hospitais, infraestruturas nem serviços essenciais como água, alimentos, refúgio, eletricidade ou educação, o que torna quase impossível viver ali”, disse o governo do Hamas.

Em junho, a ONU admitiu que Al-Mawasi já acolhia mais de 425 mil deslocados.

A área tem cerca de 14 quilômetros de comprimento por um de largura e a densidade populacional beirava as 47.700 pessoas por quilômetro quadrado (km²).

Antes da guerra, Gaza já era considerada uma das zonas mais densamente povoadas do mundo, com 5.500 pessoas por (km²), segundo relatório das Nações Unidas publicado em 30 de junho.

O Exército israelense tem bombardeado nos últimos dias a cidade de Gaza e prossegue com uma ofensiva terrestre destinada a deslocar a população para o sul.

As autoridades de saúde locais disseram que 14 pessoas morreram durante a noite em bombardeios israelenses contra Gaza, segundo a agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP).

O diretor executivo do Hospital Shifa, Rami Mhanna, para onde alguns dos corpos foram levados, informou que entre os mortos estavam seis pessoas da mesma família, após um ataque ter atingido a casa em que viviam hoje de madrugada.

As vítimas eram familiares do diretor do hospital, Mohamed Abu Selmiya, disse Mhanna.

Selmiya foi libertado por Israel em julho de 2024, depois de ter ficado detido durante sete meses sob a acusação de o Hospital Shifa ter servido como centro de comando do Hamas sob sua direção.

As Forças Armadas de Israel não responderam imediatamente às perguntas sobre os ataques, segundo a AP.

Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações não governamentais e um número crescente de países classificam como genocídio a ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza, que já deixou mais de 65.200 palestinos mortos.

O ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Fonte: Agência Brasil

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