Casas de Terreiro de Juazeiro celebram no Dia Municipal dos Povos de Terreiro e Dia de Oxum

Nesta segunda-feira (8), data em que se celebra o Dia de Oxum e também o Dia Municipal dos Povos de Terreiro, Juazeiro vivenciou mais uma edição de um dos rituais mais antigos e simbólicos do povo de axé: o Águadê. Com mais de 70 anos de existência, a manifestação permanece como um marco de resistência, fé, memória e identidade cultural, reafirmando o legado das tradições afro-brasileiras na cidade.

A celebração é uma realização conjunta das casas de terreiros e da Prefeitura de Juazeiro, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Diversidade, Igualdade Racial e Combate à Fome (Sedes).

Muito mais que um gesto ritualístico, o Águadê é reconhecido como um patrimônio imaterial que atravessa gerações, preservando saberes ancestrais, práticas de culto e laços comunitários. Para o integrante da religião de matriz africana Erivaldo Rosa, conhecido no axé como Odé Jomin, o Águadê carrega um significado que vai além da celebração. “O Águadê tem uma existência há mais de 70 anos. É uma herança do Omindá e de Odé, a qual eu trago com amor, com carinho, com garra, com luta, juntamente com toda a minha Ebé, minha família de axé.” O ritual é guardado pela Roça de Oxum Omin e Meiê-Tá Omi, casa tradicional fundada pela saudosa Mãe Filhinha de Oxum, grande referência da memória religiosa de Juazeiro. Ela foi responsável por consolidar a prática como um encontro de fé e união.

“Mãe Filhinha tinha a tradição de trazer o Águadê juntando todos os povos do bairro no qual ela residia, da vizinhança, dos bairros próximos. Era o dia em que ela comungava comemorando o dia de Oxum, trazendo aquele presente às águas, saudando as águas do nosso Rio São Francisco com todo cuidado, com todo amor.”

Antes mesmo da criação do Dia Municipal dos Povos de Terreiro, o Águadê já era reconhecido como um momento de fortalecimento comunitário e espiritual.

“Naquela época, nós não tínhamos esse Dia Municipal dos Povos de Terreiro. Então, era um momento no qual nós, todos do terreiro, nos reuníamos para prestigiar, louvar Oxum, agradecer a água doce, a qual mata a nossa sede, a qual nos alimenta, nos cuida, entendendo isso como uma forma de louvar esse orixá, que é Oxum.”

Hoje, celebrar o Águadê é reafirmar a continuidade dessa tradição que honra as águas doces — território sagrado de Oxum — e reforçar a importância das políticas públicas de valorização da diversidade religiosa e cultural em Juazeiro.

Ao apoiar iniciativas como esta, a Prefeitura, por meio da SEDES, fortalece o reconhecimento dos povos tradicionais e sua contribuição para a identidade da cidade. O Águadê permanece, assim, como um ato de resistência, pertencimento e celebração da vida. Um legado ancestral que segue ecoando nas águas do Velho Chico e no coração dos Povos de Terreiro de Juazeiro.

Texto: Diana Silva

Fotos: Ana Vitória Nascimento.

Fonte: Prefeitura de Juazeiro

#JUAZEIRO

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