Djalma Pereira: na verdade, o famoso chefe de culinária Lana Pereira

Fã da cantora Lana Bittencourt, de grande sucesso na época, ele foi ‘rebatizado’ como Lana e ganhou fama, não como cantor, mas como cozinheiro. Trabalhou em famosos estabelecimentos aqui, no Rio de Janeiro e em Fortaleza, e até mesmo para um embaixador. Djalma Pereira viveu os últimos anos em Conceição do Coité e deixou para a posteridade o Livro de Receitas do Chef Lana.

Independente de sua opção sexual, Djalma Araújo Pereira tornou-se um respeitado cozinheiro em Feira de Santana, trabalhando em estabelecimentos como Le Gouter, Tontom Macute, Solar Santana, Euterpe Feirense, Abrigo Nordestino e Café Paris. Prestou serviços em residências de pessoas de destaque da sociedade, como o odontólogo e ex-prefeito Colbert Martins da Silva e o pecuarista Ermírio Coriolando. Foi para o Rio de Janeiro, onde desfrutou de fama e prestígio durante duas décadas, até retornar à Cidade Princesa para depois se radicar em Conceição do Coité.

Falando em Djalma Pereira, quem o conheceu não o esquecerá. Então, falemos sobre o chefe de culinária Lana Pereira.

Natural de Pé de Serra, desde garoto demonstrou interesse pela culinária, observando e ajudando a mãe nessa missão. Ainda muito jovem, mudou-se para Riachão do Jacuípe, trabalhou em casas de família, mas entendeu que, para alcançar o que pretendia profissionalmente, teria que migrar para uma cidade maior, mais desenvolvida. “Tinha que ser Feira de Santana.” E assim foi feito. Mal havia completado 16 anos de idade, corajosamente ele embarcou para o Rio de Janeiro.

No final da década de 1950, o jovem de cabelo aloirado e muito educado surpreendeu na Cidade Maravilhosa pelos conhecimentos da boa culinária, que foram ampliados em cursos de especialização. Em restaurantes de luxo onde atuou, fez amigos e admiradores, a exemplo do doutor Osvaldo Aranha, embaixador do Brasil na França, que, encantado com as receitas deliciosas de Lana Pereira, contratou-o. Durante oito anos, ele trabalhou exclusivamente para a família do embaixador, só deixando o emprego porque Osvaldo Aranha foi morar em Paris. “O doutor Osvaldo insistiu para que eu fosse com a família dele, mas eu não aceitei”, relatava. O bom salário recebido durante esse período possibilitou-lhe ajudar a família na Fazenda Buji Novo, em Pé de Serra, que era seu maior intento.

Durante seis meses, trabalhou como chefe de cozinha de um hospital em Fortaleza, indicado pelos políticos Tasso Jereissati e Ciro Gomes. Na TV Verdes Mares, também na capital cearense, ocupou horário especial, ensinando suas receitas famosas, como o “Filé à Moda Osvaldo Aranha”, que ele criou no Rio de Janeiro em homenagem ao embaixador. Depois de duas décadas no Rio de Janeiro, retornou a Feira de Santana e se fixou definitivamente em Conceição do Coité, onde foi premiado com o honroso título de Cidadão Coiteense, outorgado pela Câmara de Vereadores. Na Rainha do Sisal, Lana Pereira instalou o “Tabuleiro da Baiana”, o primeiro estabelecimento da cidade a vender salgados.

Também abriu um hotel e um restaurante, mas gradativamente reduziu o ritmo de trabalho devido à idade. No hotel em Conceição do Coité, hospedou políticos como Waldir Pires, João Durval Carneiro, Antônio Carlos Magalhães, e cantores como Jerry Adriani, Odair José, Waldick Soriano, Nilton César, Luiz Gonzaga e o Trio Nordestino. Aposentado em Conceição do Coité, dedicava-se à leitura e à música, dispondo de uma ampla discoteca com centenas de LPs colecionados ao longo dos anos. Lançou um livro de receitas. Sempre discreto, Djalma Araújo Pereira, o menino cozinheiro da Fazenda Buji Novo, que fez grandes amizades em Feira de Santana, faleceu em Conceição do Coité, em novembro de 2023, como Chefe Lana Pereira e com o respeito que sempre desejou.

Por Zadir Marques Porto

Fonte: Prefeitura de Feira de Santana

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