Festa de Santana: a grande demonstração de fé do feirense caminha para três séculos

A imprecisão decorre da inexistência de registros que datem, com precisão, o seu surgimento, mas, mergulhando-se na história da vila que deu origem à metropolitana Feira de Santana, é possível estimá-la como caminhante para três séculos. A Festa de Senhora Santana sofreu alterações datais, por conta da inconstância climática, mas revigorou-se com o passar dos anos, ao retornar à sua originalidade de acordo com a Liturgia, no dia 26 de julho.

A mais importante comemoração religiosa do município, por se constituir em um preito à sua Padroeira, a Festa de Senhora Santana não está cravada cronologicamente na história da Cidade Princesa, de forma que se possa afirmar, categoricamente, quando de seu surgimento ou a realização inicial, mas estima-se que tenha sido um pouco posterior aos anos de 1732/1733, quando foi edificada a primeira Capela de Santana, antes mesmo do alvorecer da vila de Santana dos Olhos D’Água, que aconteceu em 18 de setembro de 1832.

Tomando-se por base dados relacionados à construção da primeira Capela de Santana, que teria sido edificada no ponto onde hoje está a Capela Mor da Catedral, a manifestação popular-religiosa já estaria caminhando para três séculos com natural crescimento, acompanhando o rápido desenvolvimento populacional de Feira de Santana. Sem exata precisão, há informações de que a Festa de Santana, até o início do século passado — ano de 1912 — era realizada no período entre os meses de julho e agosto, após o inverno, que era bastante rigoroso na região, com chuvas torrenciais e contínuas, além de frio intenso. Quando o tempo permanecia com muitas chuvas e baixa temperatura, o festejo tinha o início protelado, ficando para o mês de setembro, cujo ar primaveril era propício para o evento.

Devido a essa inconstância climática, que provocava reclamação de fiéis e até o afastamento de alguns deles por questões relacionadas à saúde, a partir de 1913, a festa religiosa passou a ser realizada no mês de janeiro, período de sol predominante e coincidente com as férias escolares que tinham início em dezembro. Com a mudança, a participação de fiéis aumentou na programação religiosa, do mesmo modo que a presença popular na Lavagem da Igreja e Levagem da Lenha, atos que atraíam muita gente. Todavia, na década de 1980, a festa voltou a atender à liturgia que estabelece a data de 26 de julho.

A Levagem da Lenha era justificada pela inexistência de luz elétrica na cidade, o que obrigava os organizadores do festejo popular a utilizar fogueiras para iluminar a praça, onde a população se divertia passeando e ouvindo a tocata das filarmônicas 25 de Março, Vitória e Euterpe Feirense, no coreto ali existente. Com a inauguração da rede de energia elétrica em 1926, na gestão do intendente Arnold Ferreira da Silva (1924/1927), mediante um potente motor a óleo fabricado na Dinamarca e operado pela Companhia de Melhoramentos de Feira de Santana, graças ao deputado Ernesto Simões da Silva Freitas Filho e à aprovação do governador Francisco Marques de Góes Calmon (1924/1928), a utilização de fogueiras tornou-se desnecessária, mantendo-se ainda, durante algum tempo, pelo simbolismo.

A existência do Bando Anunciador, que também não tem registro de surgimento, durante muito tempo foi um importante indício da festa pela sua proposição de anunciá-la ruidosamente pelas ruas da cidade. Precedendo os anúncios em emissoras de rádio e televisão, que não existiam — meios mais fáceis de chegar à população atualmente —, pode-se dizer que o Bando Anunciador, enquanto era divertimento e alegria para quem dele participava, cumpria a importante tarefa de divulgar, com sucesso, a festa que se aproximava e, talvez, muito mais interessado no folguedo, os participantes do Bando nem tivessem percepção disso.

Esse evento ‘profano’, durante longo período, deixou de ser realizado por decisão da Igreja, e só foi retomado por conta de uma decisão da UEFS. As novenas, ponto alto da programação religiosa, sempre ocuparam lugar de importância para os fiéis, ao lado do ponto máximo, que é a Procissão de conclusão da programação festiva, com a imagem de São Benedito abrindo o desfile sacro e a imagem de Santana, padroeira do município, concluindo-o. A procissão, durante algum tempo, foi realizada pela manhã, a partir das 10 horas, mas passou para o horário vespertino e assim até hoje é mantido.

Fonte: Prefeitura de Feira de Santana

#FEIRA DE SANTANA

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