Irma Caribé, mestra na sala de aula e na poesia, deixava transbordar o amor

A exatidão da Matemática e a doçura poética estiveram sempre juntas durante sua existência. Assim como números e palavras, associados a ações de caráter social, Irma Amorim ocupou seu espaço no cenário de Feira de Santana de forma íntegra e cativante e, ao deixá-lo, deixou também uma saudosa lembrança, própria de pessoas que, como ela, transitam pelo caminho do bem.

Uma mulher forte, bela, atenciosa, inteligente e sensível, capaz de superar a dor sem perder a habitual cordialidade. Muito mais dela poderia ser dito e não seria exagero: Irma Rosa de Lima Caribé Amorim ou, de forma mais simples, como ela gostava e era tratada: professora Irma. Feirense, filha do casal Antônio Alves Caribé e Izalda Mota Lima Caribé, a menina, nascida em 23 de março de 1934, muito cedo exteriorizou seus dotes com poemas e desenhos, além de demonstrar interesse pela leitura, entremeando no dia a dia às brincadeiras da infância a busca pelo desenvolvimento intelectual.

Concluiu com brilho os cursos de Odontologia e Contabilidade, mas a Matemática, talvez pela sua indiscutível exatidão, deu-lhe rumo na vida professoral. Com esse dom, lecionou na Escola Normal, Ginásio Santanópolis, Colégio Estadual de Feira de Santana e Instituto de Educação Gastão Guimarães (IEGG). Os números nunca representaram problema para Irma Caribé, e a sala de aula era uma extensão da família de cada jovem presente, estabelecendo um vínculo permanente. Era comum vê-la saudar alguém que com ela estudara anos antes. Não era apenas boa fisionomista, era afetuosa e verdadeira.

Na área educacional, ainda desempenhou a coordenação pedagógica na Escola Oliveira Brito e no Colégio João Durval Carneiro, também administrou a Escolinha Saci-Pererê. Ocupou a direção do Centro de Cultura Amélio Amorim e foi membro atuante de várias instituições locais, como: Associação Cristã Feminina, Academia de Letras e Artes de Feira de Santana, Fundação Cultural, International Women’s Club, Instituto Histórico e Geográfico, além de ter presidido a Casa da Amizade do Rotary Club e integrado a Academia de Cultura da Bahia. Casada com o renomado arquiteto Amélio Amorim, sofreu duro golpe com o falecimento dele, em trágico acidente automobilístico na BR-324, quando ele retornava de Salvador, onde estava atuando profissionalmente.

Com essa perda, acentuou sua atividade artística, ampliando a produção de belos poemas, pinturas, artesanatos e sua afabilidade de receber com gentileza pessoas de sua amizade ligadas ao movimento artístico-cultural em sua residência, na Rua Frei Henrique de Ascoli, no bairro Capuchinhos, que foi aberta por Amélio Amorim e por ele denominada Rua das Algarobas, uma vez que foi arborizada com algarobeiras, espécie leguminosa-mimosácea mais comum nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Irma Rosa de Lima Caribé Amorim publicou o livro antológico Um Solto no Outro e mais dois de poemas de sua autoria: Um Lenço Perfumado e Noite Clara, todavia produziu muito mais.

Suave nos seus poemas, como era no desempenho profissional na sala de aula, com poucas palavras a professora Irma dizia muito na sua poesia, externando sentimentos profundos, mas de simples decodificação, já que nunca buscava o hermetismo. Deixava fluir pleno o que guardava, mas com elegância comedida que lhe era singular. Era poetisa de fina sensibilidade e econômica no seu discurso, com a propriedade de chegar ao coração pelo caminho mais curto, sem ostentações, como no poema Crepúsculo: “O vento esfriava meu rosto. Nada se ouvia além do mar, batendo contra si mesmo.”

Dedicava-se à leitura, trabalhos artesanais e à pintura e gostava de música popular, em especial as românticas. Jurema, filha adotiva de Irma Caribé Amorim, é mãe de três filhos. A mestra e poetisa foi condecorada pela Câmara de Vereadores com a Comenda Dr. Dival Pitombo em reconhecimento ao seu desempenho na lide escolar e no trajeto da vida cultural da cidade que ela sempre demonstrou amar. Em 23 de novembro de 2010, Irma Rosa de Lima Caribé Amorim deixou a existência física, mas sua imagem e a beleza dos seus poemas permanecem. Aliás, bondade e poesia se eternizam!

Por Zadir Marques Porto

Fonte: Prefeitura de Feira de Santana

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