Mídia social da China critica política de filho único

Foto: © Ana Cristina Campos/Agência Brasil

A morte de uma ex-chefe da política do filho único da China não foi recebida com homenagens, mas com críticas nas mídias sociais nesta semana.

A mídia estatal elogiou Peng Peiyun, chefe da Comissão de Planejamento Familiar da China de 1988 a 1998, como “uma líder extraordinária” em seu trabalho relacionado a mulheres e crianças.

Mas a reação nas mídias sociais da China à morte de Peng, em Pequim, no domingo (21), pouco antes de seu aniversário de 96 anos, foi menos positiva.

“Aquelas crianças que estavam perdidas, nuas, estão esperando por você lá” na vida após a morte, escreveu uma pessoa no popular microblog chinês Weibo.

O mandato quase universal da China de apenas um filho por casal, de 1980 a 2015, levou as autoridades locais a obrigar as mulheres a se submeterem a abortos e esterilizações.

Pequim lançou a política do filho único quando os líderes estavam preocupados com a possibilidade do crescimento populacional sair do controle. Mas a população da China, que por muito tempo foi a mais alta do mundo, desacelerou posteriormente e, no ano passado, caiu pelo terceiro ano consecutivo.

“Se a política do filho único tivesse sido implementada por 10 anos a menos, a população da China não teria despencado assim!”, diz outra publicação no Weibo.

Depois de ficar atrás da Índia em 2023, a população da China diminuiu no ano passado para 1,39 bilhão. Especialistas alertam que a tendência de queda deve se acelerar nos próximos anos. Os dados de 2025 serão divulgados no próximo mês.

Como czar da população, Peng concentrou o trabalho de sua comissão na zona rural.

Na China rural, famílias numerosas já foram vistas como uma meta para os casais que queriam garantir que seriam cuidados na velhice. Filhos que pudessem dar continuidade ao nome da família também eram favorecidos, levando fetos femininos a serem abortados.

“Essas crianças, se nascessem, teriam quase 40 anos de idade, no auge de suas vidas”, publicou uma pessoa no Weibo.

Na década de 2010, Peng mudou publicamente de opinião, dizendo que a política do filho único deveria ser flexibilizada. Agora, Pequim está tentando aumentar a taxa de natalidade em declínio, com subsídios para creches, licença maternidade mais longa e benefícios fiscais.

O encolhimento e o envelhecimento da população geraram preocupações de que a segunda maior economia do mundo enfrentará dificuldades à medida que o número de trabalhadores diminuir. Os custos crescentes de cuidados com idosos e benefícios de aposentadoria provavelmente também criarão tensões orçamentárias adicionais para os governos locais já endividados.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Fonte: Agência Brasil

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