Projeto Ossé do Rio Pojuca une preservação ambiental, memória e religiosidade

No próximo dia 7 de dezembro de 2024, Coração de Maria será palco de mais uma edição do Projeto Ossé do Rio Pojuca, uma iniciativa que alia a preservação ambiental, a memória cultural e o respeito às religiões de matriz africana. Idealizado pelo Sacerdote de Orixá Borba Ty Ayrá, o projeto tem como objetivo revitalizar e preservar o Rio Pojuca, resgatando sua importância histórica, ambiental e espiritual para a cidade e seus habitantes.

 

A primeira edição do projeto ocorreu em 2023, financiada com recursos próprios. Na ocasião, o Rio Pojuca foi encontrado em estado de abandono, com grandes quantidades de resíduos não degradáveis. Um mutirão de limpeza foi organizado, resultando na retirada de dezenas de sacos de lixo de 200 litros. O poder público foi acionado para dar a destinação adequada aos resíduos, enquanto a equipe do projeto instalou placas com mensagens positivas e laços nas árvores da área. Todo o processo foi registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais e na Rádio Coração Notícias, alcançando mais de 20 mil visualizações e gerando apoio massivo dos marienses.

 

A proposta para 2024

Nesta edição, o projeto irá além do mutirão de limpeza. Será produzido um curta-metragem de 12 minutos que contará a história do Rio Pojuca, abordando como ele era há 40 anos, seu significado ambiental e cultural para a cidade, e sua ligação com a orixá Oxum, divindade das águas doces no Candomblé. Além de ser amplamente divulgado nas redes sociais, o vídeo terá seus direitos cedidos à Secretaria Municipal de Educação de Coração de Maria, para que seja utilizado em atividades educativas nas escolas municipais.

 

De acordo com Borba Ty Ayrá, a iniciativa é importante sob vários aspectos:

• Ambiental: o rio é essencial para o equilíbrio climático e a biodiversidade local.

• Social: o Pojuca é um espaço de lazer para muitos moradores.

• Religioso: a ação contribui para o combate ao racismo religioso, ao valorizar a relação entre o Candomblé e a natureza.

 

O que é Ossé no Candomblé?

O termo “Ossé” no Candomblé refere-se a um ritual de limpeza e purificação. Ele é realizado para manter a energia dos objetos sagrados, dos espaços e das pessoas em harmonia. No contexto do projeto, o Ossé simboliza a purificação do Rio Pojuca, trazendo à tona o respeito da religião de matriz africana pela natureza e sua conexão com o sagrado.

 

Para o Candomblé, a natureza é a manifestação física dos Orixás. Rios, florestas, montanhas e outros elementos naturais são considerados sagrados e merecem cuidado e reverência. No caso do Rio Pojuca, a ligação com Oxum reforça essa perspectiva. Oxum, orixá das águas doces, representa a fertilidade, o amor, a beleza e a riqueza, valores que se conectam diretamente com a preservação do meio ambiente e a luta contra o preconceito religioso.

 

Preservação e conscientização

O Sacerdote Borba Ty Ayrá reforça que o projeto surgiu da constatação do abandono do rio, um espaço essencial para o bem-estar da cidade. Ele acredita que a ação será mais um passo importante para conscientizar a comunidade sobre a necessidade de preservar a natureza, valorizar o patrimônio cultural e combater a intolerância religiosa.

 

O Projeto Ossé do Rio Pojuca é um convite para que todos se unam em prol de um futuro mais sustentável e inclusivo, onde natureza, cultura e fé coexistam em harmonia.