Neste sábado (11), um ato em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, reivindicou o tombamento do local pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O objetivo é estabelecer um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção.
A manifestação foi realizada em memória de Rubens Paiva e de outros 52 mortos ou desaparecidos por ação do Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, que operava no quartel. O busto de Rubens Paiva, inaugurado em 2014 na Praça Lamartine Babo, marca a lembrança dos eventos ocorridos no local.
Organizações como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz promoveram o ato. A ABI ressaltou que a proposta de tombamento não pretende ofender o Exército, mas sim incentivar uma reflexão sobre os crimes cometidos por seus agentes.
O ato contou com a presença de ex-presos políticos que enfrentaram a repressão no período da ditadura militar, que ocorreu de 1964 a 1985. O DOI-Codi operou entre 1970 e 1979, sendo um dos principais centros de tortura e desaparecimento de opositores do regime.
Antonio Carlos Costa, da Rio de Paz, afirmou que tombar o quartel é uma oportunidade para as gerações futuras conhecerem a história e evitar a repetição desses acontecimentos. O filme "Ainda Estou Aqui" também foi mencionado, retratando a saga da família Paiva durante o regime militar.
Álvaro Caldas, ex-preso político, compartilhou sua experiência de ter sido torturado no quartel e destacou a importância do ato. Rafael Maul de Carvalho Costa, diretor do Grupo Tortura Nunca Mais, enfatizou que o tombamento do DOI-Codi é um passo para fortalecer a democracia e os direitos humanos no Brasil.
Dados da Comissão Nacional da Verdade indicam que 53 presos políticos foram mortos nas dependências do DOI-Codi, com 33 ainda desaparecidos. O DOI-Codi foi um dos 19 locais de repressão política durante a ditadura, e sua importância histórica é reconhecida desde 2013, quando o Ministério Público Federal solicitou o tombamento do prédio ao IPHAN.
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