O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a seis dias de deixar a Casa Branca, retirou Cuba da lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo. Além disso, ele suspendeu por seis meses a possibilidade de processar pessoas que lucram com propriedades expropriadas pela Revolução Cubana e cancelou restrições em transações financeiras entre cidadãos e entidades dos EUA e de Cuba.
A nova administração, que assumirá o governo em 20 de janeiro, pode reverter essa decisão. Especialistas consideram que as medidas, embora limitadas, podem ajudar a mitigar a crise econômica em Cuba, que perdeu 10% de sua população entre 2022 e 2023 devido à imigração.
O governo Biden afirmou que as mudanças fazem parte de um acordo entre a Igreja Católica, liderada pelo Papa Francisco, e o governo cubano, que resultou na libertação de 553 prisioneiros. Segundo Washington, as medidas visam melhorar as condições de vida dos cubanos.
“Ao tomar essas medidas para reforçar o diálogo em andamento entre o governo de Cuba e a Igreja Católica, o presidente Biden também está honrando a sabedoria e o conselho que lhe foram fornecidos por muitos líderes mundiais, especialmente na América Latina”, informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
Biden justificou a exclusão de Cuba da lista de terrorismo ao afirmar que o governo cubano não apoiou ações terroristas internacionais nos seis meses anteriores e que garantiu não apoiará tais atos no futuro.
Em resposta, o presidente de Cuba, Miguel Diáz-Canel Bermúdez, expressou gratidão, mas ressaltou que a decisão tem alcance limitado devido à continuidade do bloqueio econômico. Ele afirmou que não desistirá de buscar uma relação “civilizada e respeitosa” com os EUA.
“É uma decisão na direção certa, embora tardia e com alcance limitado. O bloqueio e a maioria das medidas extremas que foram postas em prática continuam em vigor”, declarou Diáz-Canel.
O Ministério das Relações Exteriores de Cuba ressaltou que sanções unilaterais ainda estão em vigor, incluindo a proibição de transações financeiras internacionais e a perseguição a fornecedores de combustíveis.
“O bloqueio continua sendo um obstáculo fundamental ao desenvolvimento da economia cubana e um fator que estimula a emigração”, informou a chancelaria cubana.
O Brasil, por meio de nota, comemorou as mudanças e as classificou como atos de reparação e justiça. “O governo brasileiro sempre sublinhou ser injusta a manutenção de Cuba em uma lista de países que promovem o terrorismo”, afirmou o Itamaraty.
Especialistas do Centro de Pesquisa Econômica e Política (Cerp) afirmaram que as mudanças podem conter a imigração cubana e melhorar as condições na ilha. O pesquisador Michael Galant argumentou que as sanções econômicas prejudicam a população e incentivam a emigração.
Cuba enfrenta um bloqueio econômico imposto pelos EUA há mais de 60 anos, que começou após a Revolução Cubana em 1959. O país foi incluído na lista de apoio ao terrorismo na década de 1980 e retirado em 2015 durante a presidência de Barack Obama, em um esforço de reaproximação entre os países.
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