Na noite de 24 de janeiro de 1835, africanos, em sua maioria escravizados, se reuniram em um sobrado em Salvador (BA) para discutir os últimos detalhes de um levante. A maioria era muçulmana, vinda de países como Senegal e Nigéria. Devido a uma delação, o plano foi antecipado, resultando na Revolta dos Malês, que ocorreu em 25 de janeiro.
Recentemente, a história da revolta foi apresentada ao público no festival Mostra de Cinema de Tiradentes, com a pré-estreia do filme "Malês", dirigido por Antônio Pitanga. O filme já passou por outros festivais e será exibido no Festival Pan-Africano de Cinema, em Burkina Faso, marcando a primeira seleção de uma ficção brasileira para o principal evento audiovisual do continente africano. A estreia nos cinemas está prevista para 10 de abril.
Pitanga expressou o desejo de que a narrativa alcance um público amplo e não se restrinja a salas de cinema tradicionais. "O meu sonho era trazer à baila essa história que a escola não conta", afirmou. Ele destacou a importância de levar o filme a escolas e comunidades, além de ter recebido convites de universidades nos Estados Unidos.
Os malês, que conheciam o alfabeto árabe e possuíam formação, buscavam apoio de outros grupos escravizados para o levante, que ocorreu na data que celebra o fim do Ramadã. O conflito resultou na morte de mais de 70 africanos e punições severas para muitos outros. O diretor se baseou no livro "Rebelião Escrava no Brasil" para a produção do filme.
Pitanga enfatizou que o filme não é apenas sobre a rebelião, mas também sobre a individualidade dos personagens. O elenco inclui seus filhos, Rocco e Camila Pitanga, e a atriz Patrícia Pillar. O diretor observou a crescente presença de filmes com elencos majoritariamente negros, refletindo mudanças na indústria.
A Mostra de Tiradentes, em sua 28ª edição, apresenta uma programação diversificada, incluindo 140 filmes e atividades culturais. Pitanga também comentou sobre as dificuldades de promover o filme em comparação com outras produções, mencionando a importância de construir sua própria trajetória.
Ele destacou a necessidade de abordar a história com sensibilidade, minimizando a violência explícita e focando na inteligência e individualidade dos personagens. A atriz Samira Carvalho elogiou a escolha de uma cena em que uma mulher branca é capturada, ressaltando o impacto dessa representação no público.
Sensação
Vento
Umidade