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Reintrodução de Bugios-Pretos ao Habitat Natural após Reabilitação

Grupo de bugios-pretos, liderados por Chica e Negão, é reintroduzido na natureza após 12 anos de cuidados em centro de triagem.

14/03/2025 10h39Atualizado há 4 dias
Por: Redação

 

Após anos de reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do CEMAFAUNA em Petrolina-PE, um grupo de oito bugios-pretos (Alouatta caraya) foi reintroduzido em seu habitat natural. A iniciativa, resultado de um trabalho conjunto do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) da Bacia do São Francisco e outras instituições, culminou na transferência dos animais para uma Área de Soltura de Animais Silvestres (ASAS) em Campo Formoso-BA. Os animais, liderados pela fêmea Chica e pelo macho Negão, receberão monitoramento e suporte alimentar complementar até completarem sua adaptação.

A história do grupo começou com a apreensão de Chica há 12 anos, durante operação da FPI. "Ela veio com bastante traumas anatômicos e psicológicos", relata Fábio Miranda Walker, gerente do Cetas. Posteriormente, Negão, vítima de ataque de cão, juntou-se a Chica. "Cada animal tem uma resposta diferente ao tratamento, e essa adaptação inicial foi fundamental para a formação do bando", completa Fábio. O tratador Gilson Souza Lima destaca o trabalho intenso para a recuperação de Chica e a formação da família, que gerou diversos filhotes. "Ver esse bando crescer, desenvolver laços e agora retornar à natureza é uma sensação de missão cumprida", afirma Gilson.

A transferência para a ASAS envolveu um rigoroso planejamento, incluindo exames veterinários e a escolha de uma área com recursos hídricos e vegetação adequada. "A soltura não é simplesmente abrir a caixa e deixar os animais irem", explica Marianna Pinho, bióloga do Inema. A área escolhida, certificada pelo Inema, garante recursos suficientes para a sobrevivência da espécie. "Essa área tem todas as características ambientais e biológicas. Tem recurso hídrico e uma vegetação rica", afirma Marianna. A ONG Animallia coordenará o monitoramento da adaptação dos bugios. "Como a soltura será do tipo branda, os recintos serão abertos para que os bugios saiam aos poucos, e ainda receberão alimentação complementar", explicou Andreza do Amaral, diretora de Projetos da ONG.

Antes da soltura, os oito bugios passaram por um check-up completo, incluindo exames de sangue, fezes e busca por doenças contagiosas. Paulo Baiano, médico veterinário do Inema, destaca que três animais receberam radiotransmissores para monitoramento. O transporte para Campo Formoso, em comboio liderado pela PRF, foi cuidadosamente planejado para minimizar o estresse dos animais. No momento da soltura, os animais saíram gradativamente dos recintos. Negão, macho alfa, foi um dos primeiros, demonstrando familiaridade com o local, onde foi resgatado anos antes. Chica, inicialmente hesitante, logo se adaptou.

"Foi um momento emocionante para todos nós", relata Gilson. "Fica aquele aperto no coração por vê-los partir, mas ao mesmo tempo, a alegria de saber que estão onde sempre deveriam estar". Chica, atualmente gestante, terá seu primeiro filho nascido em liberdade.

 

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