Causou um enorme rebuliço na política a sugestão de que Rui Costa pode ser o candidato do PT ao governo do estado em 2026.
O jornal O Globo levantou essa possibilidade, caso houvesse dificuldade para a reeleição de Jerônimo. E o poderoso ministro da Casa Civil deu uma entrevista na Piatã FM, onde mencionou que pretende “submeter seu nome para a chapa majoritária” na próxima eleição. Só porque não especificou que seria para o Senado, que também é eleição majoritária, vieram as especulações de que ele estaria deixando a porta aberta para ser candidato ao governo.
Saiu até nota da assessoria de comunicação do PT, com o secretário feirense Felipe Freitas, um dos fieis escudeiros de Jerônimo, para negar uma eventual candidatura de Rui e dizer que ele almeja outras coisas para seu futuro político.
Claro, almejar almeja. Mas fora da Bahia ele não tem o controle que tem aqui. Não cabe a Jerônimo a decisão sobre o que Rui quer. Mas talvez caiba a Rui, se tiver vontade, dizer a Jerônimo “dá licença, que eu quero passar”.
Jerônimo não teve autonomia para escolher secretários, imprensado e equilibrando-se na disputa de poder entre Rui Costa e Jaques Wagner dentro do PT baiano. Se Rui bater pé e disser “quero ser governador”, pode ser que Jerônimo, aliando-se a Wagner, resista. Mas é improvável.
Rui tem outras ambições? Tem, se puder ser presidente, se derem a ele o direito de tentar, pode tentar. Mas a realidade em Brasília é completamente diferente da que ele tem na Bahia.
Aqui, ele pode dar as cartas. Lá, ele encara a vigilância e as cobranças da imprensa nacional. Disputa protagonismo e poder com Fernando Haddad, com Gleisi Hoffmann, e até com Janja.
O clima pesou para Rui Costa semana passada justamente porque ele foi considerado o principal suspeito de ter vazado a indiscrição de Janja no jantar com Xi Jinping, quando ela se queixou da rede social chinesa Tik Tok, a quem acusou de favorecer a direita.
Se em Brasília Rui Costa enfrenta turbulências típicas de uma esfera de poder muito maior mas também muito mais complexa, na Bahia ele consegue adotar uma postura que evocava os tempos áureos do velho coronel ACM.
A hipótese de, em caso de necessidade eleitoral, trocar o candidato, de Jerônimo para Rui é tão óbvia, que já mencionei meses atrás, aqui neste despretensioso comentário de cada dia. Afinal, Rui deixou o governo com elevada aprovação.
Mas a verdade é que a troca pode nem por conveniência do partido, mas por conveniência de Rui, se o clima em Brasília continuar desfavorável a ele, como hoje está.
Sensação
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