Rui Costa deu entrevista negando que cogite se candidatar ao governo, tomando a vaga de Jerônimo como candidato à reeleição. E culpou a imprensa, mais especificamente o colunista Lauro Jardim, de O Globo, que espalhou a notícia. Mas sobrou para a imprensa nacional como um todo, porque da imprensa baiana ele disse que sente saudade.
Rui reclamou porque o jornalista não falou com ele. O ex-governador questionou. “Como alguém pode publicar o que farei da minha vida política sem me ouvir?”. Muito simples. Ele não ouviu de Rui Costa mas ouviu de alguém que ouviu de Rui Costa.
Mas procurou Rui, para saber a versão dele, sem intermediários? Não sei. Mas é bem comum no noticiário nacional eu me deparar nas matérias que dizem respeito ao ministro da Casa Civil, a frase “procuramos o ministro mas não obtivemos resposta”.
Aí Raul acusa o sujeito jornalista de ter vontade de “fazer intrigas e difundir mentiras para a população”. Bobagem: por que o jornalista Lauro Jardim, ou qualquer outro, iria querer fazer intriga contra Rui Costa? E difundir mentiras, muito menos. Um jornalista empenhado em difundir mentiras não poderia ser jornalista.
Não quero aqui fazer a defesa incondicional dos jornalistas. Jornalistas erram, como todo mundo, e não é pouco. Mas dizer que o jornalista espalha mentiras é um argumento que simplesmente não vale. Se o cara for um espalhador de mentiras, ele pode até conseguir, por exemplo, ser político. Mas não consegue ser jornalista. Você não pode viver mentindo e ser jornalista, porque é um negócio que só existe em função da informação correta, confiável. Se a gente vivesse dizendo coisas diferentes dos fatos, cairia no ridículo e seria impossível prosseguir na profissão.
Por outro lado, acontecem o tempo todo casos de políticos que inicialmente negam de boca o que a imprensa divulga, mas tempos depois confirmam com as ações.
Especificamente nessa questão da eleição do ano que vem, embora eu mesmo tenha citado há meses como uma hipótese, para o caso de uma dificuldade eleitoral do atual governador, acredito que não vai acontecer a volta de Rui. Assim o candidato ao governo será mesmo Jerônimo Rodrigues.
Rui Costa tem força para impor, se quisesse voltar ao cargo? Até tem, mas ao custo de um trauma, talvez um racha, que seria complicado de administrar.
Aconteceu situação parecida com Dilma e Lula. Houve um movimento no PT, para que Dilma não fosse candidata à reeleição em 2014. Lula jamais deu declarações públicas dizendo que queria retomar o posto da companheira. Mas deixou nos bastidores o movimento rolar, pra ver no que ia dar. Dilma bateu pé e a vontade dela, que estava no cargo, prevaleceu. Deu muito errado o segundo governo de Dilma, mas aí é outra história.
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