
O Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté, em Salvador, sediará entre terça-feira (9) e sexta-feira (12) o encontro de gestores ambientais de todo o país para a Oficina de Integração do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Insetos Polinizadores (PANIP). Realizado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) em parceria com o ICMBio, o encontro reuniu técnicos, especialistas e representantes de órgãos estaduais de meio ambiente com o objetivo de alinhar estratégias e fortalecer políticas públicas voltadas à proteção de abelhas, borboletas e outros polinizadores essenciais para a biodiversidade brasileira.
O PAN Insetos Polinizadores é um dos mais amplos planos de conservação do país, abrangendo espécies ameaçadas de abelhas e lepidópteros em diferentes biomas. Seu escopo inclui 56 táxons ameaçados de extinção, além de outras espécies com risco elevado em listas estaduais da Bahia, Pará, Minas Gerais e São Paulo. Com 71 ações previstas para os próximos cinco anos e uma rede de 58 articuladores e cerca de 180 colaboradores, o plano busca enfrentar ameaças como uso inadequado de agrotóxicos, perda de habitat, incêndios, mudanças climáticas e manejo incorreto de abelhas.
A oficina promoveu momentos de atualização técnica, debates sobre experiências estaduais e apresentações de iniciativas nacionais e internacionais focadas na conservação desses grupos. A troca entre equipes das OEMAs, pesquisadores e integrantes dos sete Núcleos Gestores do PAN permitiu identificar avanços, desafios e estratégias conjuntas para fortalecer a implementação do plano em todo o território nacional.
Durante a oficina, representantes do Inema e do ICMBio destacaram a importância da articulação interestadual para ampliar o alcance das ações de conservação e harmonizar procedimentos relacionados à fiscalização, licenciamento e planejamento territorial. Mara Angélica, coordenadora de Gestão da Biodiversidade da DISUC/Inema, explicou que o encontro tem papel essencial na construção de uma visão conjunta entre os estados. “A oficina permite que a gente some experiências. Cada estado traz seu olhar sobre restauração, uso de agrotóxicos e práticas amigáveis aos polinizadores, e isso fortalece o PAN.”
A programação da manhã reuniu palestras e apresentações sobre projetos de restauração, iniciativas de conservação e parcerias internacionais. Especialistas compartilharam metodologias e resultados que podem apoiar a execução do PAN nos próximos anos. Mara também avaliou o primeiro dia como bastante proveitoso. “O início foi muito rico. Tivemos palestras com especialistas em restauração, o pessoal do Polilac, da GIZ Brasil e Peru. São experiências que ampliam a visão da oficina e somam ao PAN”, finalizou.
Além dos avanços, a oficina ofereceu espaço para discutir gargalos que ainda dificultam a implementação das ações previstas no plano, especialmente relacionadas à integração interna e ao diálogo com setores produtivos. Marianna Pinho, especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos e integrante da coordenação de fauna do Inema, falou sobre os principais desafios. “Precisamos de mais integração dentro do próprio Inema, com licenciamento, fiscalização e gestão das UCs. E também é essencial dialogar com o setor produtivo para garantir boas práticas agrícolas sem comprometer o habitat dos polinizadores.”
Os sete Núcleos Gestores do PAN foram criados para organizar as ações conforme as realidades regionais, garantindo que as estratégias considerem as diferenças ambientais, culturais e socioeconômicas do país. Onildo Marini, coordenador do PAN Insetos Polinizadores e analista ambiental do ICMBio, reforçou a importância dessa estrutura. “Os Núcleos Gestores facilitam a articulação. Cada região tem ameaças próprias, e ter pessoas coordenando localmente ajuda a implementar as ações de forma mais eficiente”, enfatizou.
A oficina segue até sexta-feira (12) com atividades práticas, grupos de trabalho e alinhamentos estratégicos que devem fortalecer a conservação de polinizadores.




