Durante três décadas, a revista Sitientibus, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), motivou o processo de produção intelectual da casa de ensino superior da Princesa do Sertão e possibilitou, dentre outras coisas, um valioso intercâmbio com instituições congêneres nacionais e internacionais. O professor Raymundo Luiz Lopes foi o criador e esmerado editor da publicação semestral, que teve 45 edições impressas até 2012, quando ocorreu a aposentadoria dele.
Idealizada e publicada a partir de 1982, tendo como editor o professor Raymundo Luiz de Oliveira Lopes, titular do Departamento de Educação, poeta e escritor, a revista Sitientibus (Aos que têm Sede) contribuiu de forma decisiva para o alargamento das fronteiras da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tornando-a mais conhecida nacional e internacionalmente no cenário universitário e fora dele, por conta de publicações científicas e acadêmicas. Pode-se dizer que esse periódico desencadeou, durante três décadas, o processo de produção intelectual da UEFS, atendendo de forma equânime e desejada o tripé fundamental da casa de ensino superior: Ensino, Pesquisa e Extensão.
O processo criativo exigiu comprometimento e extrema dedicação da editoria, compensados pelos aplausos de reconhecimento obtidos da comunidade acadêmica e de todos que tiveram acesso ao tomo número um. Escudado pela natural modéstia, de forma incansável, o professor Raymundo Lopes ganhou fôlego para seguir o trabalho que já se prognosticava vencedor. Respaldada por exigências institucionais e com uma editoração variada, a Sitientibus seguiu a demanda das áreas de conhecimento, caracterizando-se na linha generalista.
O surgimento de novos cursos de graduação, a instalação de cursos de pós-graduação, a ampliação do quadro docente, o retorno de pós-graduados e a ampliação das atividades de pesquisa foram pilares de sustentação para o trabalho editorial mais provido de matéria-prima. As edições números 19, 20 e 21, versando respectivamente sobre Ciências da Saúde, Ciências Biológicas e Ciências Humanas e Filosofia, demonstraram a capacidade da publicação no trato de áreas distintas, validada pela expressa qualidade. “Necessário se faz sustentar a produção de textos quantitativa e qualitativamente, visando assegurar a periodicidade dos seriados, evitando interrupções e objetivando representar o atual estágio da Universidade”, observou, na oportunidade, o professor Raymundo Luiz Lopes.
Segundo ele, foram perfeitamente alcançados os objetivos da revista, como: possibilitar o desenvolvimento do pensamento criador nos campos científico, técnico e artístico; estimular os membros da Academia na realização de trabalhos; divulgar trabalhos de escritores e artistas plásticos da UEFS e região; apoiar o ensino nos cursos de graduação e pós-graduação; possibilitar intercâmbio; contribuir no processo de desenvolvimento regional; divulgar os trabalhos de pesquisa efetuados dentro da UEFS e criar parcerias com similares de outras universidades.
A idealização da revista, ressalta o professor Raymundo Lopes, teve base legal na LDB 9394/96 – Cap. IV – da Educação Superior, e no Estatuto da UEFS – Tit. I – Cap. III – Dos Objetivos da Instituição. Criada em 1982, a Sitientibus tornou-se, como objetivava, um “periódico próprio para discussão e exame crítico dos principais temas tratados pela UEFS”, além de estabelecer um vínculo forte com a sociedade, que passou a conhecer de forma mais direta o cenário universitário e as suas realizações antes restritas ao intimismo. Desse modo, foi altamente estimulante o papel da revista, tornando visível a produção gerada no âmbito da UEFS.
Outro detalhe importante estabelecido e cumprido foi o formato gráfico da publicação semestral, com a capa padronizada e a contracapa com estampas diversificadas, possibilitando a exposição de trabalhos produzidos por artistas regionais, fotos da Universidade, do Observatório Antares e ilustrações relacionadas com o conteúdo do volume. No primeiro número, foi publicado um autorretrato de Raimundo Oliveira, em homenagem ao renomado artista feirense. Também foram mostradas obras de Gil Mário, Juracy Dórea, Graça Ramos, Pedro Roberto e Guache Marques, dentre outros.
O intercâmbio com universidades federais, estaduais e privadas do território brasileiro e de vários outros países, não só do continente americano como da Europa, foi outro ponto importante na história da Sitientibus, que recebeu homenagem especial da Universidade de Tucumán, na Argentina, além de correspondências elogiosas de universidades e de renomados mestres do ensino. Em 2012, foi publicado o último exemplar impresso da Sitientibus, de número 45, exatamente com a aposentadoria do professor Raymundo Luiz Lopes, que durante três décadas foi o dedicado editor da revista, sem jus a ganhos que não fossem o salário de professor.
Por Zadir Marques Porto
