Selo Anjo Negro da UFRB lança 05 livros durante o Festival Paisagem Sonora

O Festival Paisagem Sonora lançou em sua 7ª edição cinco livros pelo Selo Anjo Negro, vinculado à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e ao projeto de ações formativas “Organizações da Resistência – Música e Educação”. O selo é uma plataforma de difusão intelectual, estética e política de temas ligados às matrizes afro-brasileiras. O evento foi realizado de 05 a 07 de dezembro, na Casa Rosa e no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador.

“Essa é uma execução que está presente toda edição do Festival com uma entrega para a sociedade. Nós criamos o Selo Anjo Negro porque era uma forma de dar uma resposta de forma curatorial para as Organizações da Resistência Negra. Uma entrega aos artistas, aos movimentos, aos mestres e mestras. Então, o Selo abraça isso, é o braço editorial do Festival e da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFRB. Tem uma caracterização muito grande, porque está focado nesses artistas, nessas pessoas e nesses fazeres. Acho que esse ano botamos quase que um bloco na rua do que a gente está pensando como selo editorial, como editora para apresentar à sociedade”, explica Danillo Barata, curador do Festival e Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFRB.

Dentre as obras lançadas estão: “Alberto Pitta: FúnFún DúDú”, de Danillo Barata; “Nações do Candomblé: Jejé”, de Mateus Aleluia; “Bembé do Mercado: Dossiê de Registro como Patrimônio Cultural do Brasil”, de Thais Salves de Brito; Danillo Silva Barata; Francesca Maria Nicoletta Bassi, Arcand; Jorge Luiz Ribeiro de Vasconcelos assistentes de pesquisa: Fiama, Tarrão; Lorena Lima; Lorena Penna; Manuela Pereira; Marcus Vinicius Dias. ; “Ilê Axé Opô Afonjá”, de Danillo Barata, e um box com os 21 “Cadernos de Educação do Ilê Aiyê”.

Os 21 Cadernos de Educação do Ilê Aiyê foram lançados em dezembro de 2024, durante a 6ª edição do evento. Ao longo de 2025, essa produção foi divulgada e disponibilizada no site do Festival. Na última sexta-feira (05), foi relançado o box em formato físico com as obras. “Para a gente é uma satisfação muito grande. É sinal que o que estamos fazendo desde a nossa criação está sendo difundido e, agora, com essa parceria com o Festival Paisagem Sonora e com a UFRB, vai ser distribuído nas escolas, fortalecendo esse trabalho do Ilê Aiyê, nesses 51 anos de fundação”, comenta Vivaldo Benvindo, diretor do Ilê Aiyê.

Os Cadernos de Educação do Ilê Aiyê podem ser baixados diretamente no site do Festival. Os demais livros estarão disponíveis em breve para download.

Os livros tem diagramação e designer gráfico da Casa Grida. Durante o processo criativo para criação do design gráfico do livro sobre a vida e obra do homenageado desta edição, “Alberto Pitta: FúnFún DúDú”, a designer Iansã Negrão encarou alguns desafios.

“Além da importância e honra de criar um projeto para abraçar a obra e trajetória de Alberto Pitta, estavam dois desafios lançados a nós pelo próprio artista: um tratar a imagem e fotografia dos panos com a preocupação de que o papel não os tornasse desenhos e não-têxteis e, segundo, a ideia de que a história dos blocos de índio deveria vir numa embalagem de caixa de fósforo. Para a primeira parte, usamos o espaço de mata do Instituto Oyá como coadjuvante para as fotografias de Roberto Abreu dos tecidos, aproveitando as luzes e sombras das árvores e também a presença ativa do vento para captar a beleza de um pano estendido ao sol. Já para a segunda parte, adquirimos um lote de caixinhas de suvenir de fósforos de hóteis e restaurantes antigos, que serviram de base para a criação da pasta-caixa onde está a brochura. A ilustração de Morgana Miranda completa a fantasia, baseada na estampa de Pitta para o bloco Commanche do Pelô — 40 anos, de 2014.”

A produção e difusão dos livros são uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFRB, com apoio da SECADI/MEC, Fundação Cultural Palmares e Ministério da Cultura. “Você ver esses cadernos na rua, esses cadernos impressos, a contribuição que isso vai dar para o debate, que é o debate da educação para as relações étnico-raciais no Brasil, na educação básica, não tem precedente. Estou muito feliz de ver que o recurso público do Ministério da Educação está investindo em ações concretas e que conversam com a ponta, conversam com as origens”, destaca Zara Figueiredo , Secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI / MEC).

Saiba mais sobre cada livro:

Alberto Pitta – FúnFún DúDú

A publicação costura imagens, tecidos e décadas para contar e refletir sobre trajetória de Alberto Pitta, Artista visual, designer de estamparia e carnavalesco, que é homenageado por esta edição do Festival. Seu percurso criativo transformou pano em escrita ancestral, desfile em rito político e ruas em palcos pedagógicos. Ao reunir os 45 anos de trabalho, a obra desvela os sentidos de símbolos, padrões e narrativas, resgatando histórias e afetos. O título FúnFún DúDú (branco e preto em Yorubá ) reflete técnica e sentimento que atravessam a pesquisa visual e espiritual de Pitta.

Nações do Candomblé: Jeje

Obra de natureza ensaística e poética, apresenta o Candomblé como espaço simbólico e sagrado onde ancestralidade e espiritualidade se entrelaçam, numa jornada que aproximou artistas e pesquisadores em torno do cantor, compositor e pesquisador Mateus Aleluia. Numa viagem de muitos encontros, da Bahia ao Benim, Mateus esteve acompanhado pela cineasta Tenille Bezerra, pelo fotógrafo Tadeu Mascarenhas e pelo e pelo antropólogo Hippolyte Brice Sogbossi. Dividido em quatro atos, o livro é marcado fortemente pelas entrevistas realizadas com sacerdotes dos cultos africanos e afro-brasileiros. São textos repletos de memória, fé e reflexão.

Bembé do Mercado

A publicação apresenta dossiê elaborado para subsidiar o pedido de registro da Bembé do Mercado celebração afro-religiosa centenária de Santo Amaro, no Recôncavo baiano, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O documento resultou na aprovação unânime pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, em 13 de junho de 2019 e este reconhecimento se tornou marco histórico para a salvaguarda das expressões culturais afro-brasileiras. Sob relatoria da arquiteta e professora Márcia Sant’Anna, o processo de patrimonialização fortalece políticas de valorização dos saberes, ritos e práticas das comunidades de terreiro daquela região.

Ilê Axé Opo Afonjá

O livro sobre o Ilê Axé Opô Afonjá foi construído não como registro distante, mas como convivência. Por isso o texto nasce da partilha com o povo do terreiro e ganha forma na experiência com Mãe Ana de Xangô, atual Yalorixá desta casa, que atualiza no presente um legado de fé, memória e educação ancestral. Sua presença atravessa as páginas como guia e testemunha de um saber que não se limita ao discurso: ele se move, canta, cozinha, dança, cura e ensina. A força de Mãe Ana se inscreve num fio longo, tecido por aquelas que lhe antecederam — Mãe Aninha, Mãe Bada, Mãe Senhora, Mãe Ondina, Mãe Stella. Esse é um livro que as convoca reativar para reativar sua continuidade. Cada geração atualiza caminhos e Mãe Ana é o ponto vivo dessa atualização.

Box com os 21 Cadernos Pedagógicos do Ilê Aiyê

Esta reedição comemorativa reúne todos os Cadernos Pedagógicos do Ilê Aiyê, destaca o papel do Ilê Aiyê como agente formador, articulando práticas educativas desenvolvidas desde a criação da Escola Mãe Hilda e do Projeto de Extensão Pedagógica, iniciado em 1995. O projeto pioneiro de pedagogia antirracista produziu até 2005 conteúdos sobre ancestralidade e identidade negra para escolas da comunidade e para a formação de educadores.

Instagram: @paisagemsonorabahia

#CULTURA

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