Secretaria de Educação e Juventude – SEDUC
Secretaria de Educação e Juventude – SEDUC
“É como se eles ouvissem o mundo três vezes mais alto do que a gente.” Foi assim que a professora Lílian Leal descreveu o dia a dia dos alunos autistas na EMEI Beatriz Angélica Mota. O barulho dos colegas, o recreio, as palmas durante uma apresentação, tudo pode ser ensurdecedor. Para quem está no Transtorno do Espectro Autista (TEA), sons comuns para a maioria podem ser dores invisíveis, capazes de interromper a aprendizagem e afastar a criança da convivência com seus colegas.
O TEA é uma condição do desenvolvimento que afeta a forma como a pessoa se comunica, aprende e se relaciona. Muitas crianças dentro do espectro têm os sentidos mais aguçados, e o ouvido é um dos mais sensíveis. Um simples som de cadeira arrastando pode ser angustiante. Por isso, os abafadores de som são tão importantes: eles ajudam a proteger do excesso de ruído e dão mais tranquilidade para que a criança participe das aulas e atividades.
“Meu filho não falava uma palavra. Depois de entrar aqui, começou a falar em poucos meses. E agora, com os abafadores, tem mais condições de se regular, de se acalmar”, contou emocionada a enfermeira Emanuela Dourado, mãe de Emanuel Benício, de 5 anos. O relato ecoa o sentimento de muitas famílias: cada pequeno avanço é uma vitória coletiva, e a escola se transforma no palco onde o impossível começa a ser cotidiano.
As mães, professoras e gestoras da EMEI sabem que inclusão não é discurso, mas prática diária. Daí nasceram iniciativas como o Escuta Ativa, que abre rodas de conversa para famílias atípicas; o TEAcolhemos, espaço seguro de acolhimento durante eventos; e os Acordes do Saber, que transformam música e instrumentos recicláveis em caminhos para o aprendizado. O Som do Conforto surge como mais um elo nessa corrente, mostrando que a educação pode ser feita também de delicadeza, de atenção e de escuta.
“É um momento maravilhoso, porque é a inclusão acontecendo de fato. Vai trazer conforto e permitir a participação dessas crianças em atividades que antes eram impossíveis”, reforçou Luciana Souza, mãe de aluno da escola e representante da Aamavasf(Associação de Amigos do Autista do Vale do São Francisco). Ao lado dela, outras famílias partilham a mesma esperança: que cada abafador entregue seja uma porta aberta para um mundo menos hostil.
O lançamento oficial do projeto piloto aconteceu nesta segunda-feira (15), na EMEI Beatriz Angélica Mota. Foram entregues 20 abafadores de som para estudantes autistas, em uma escola que atende 335 crianças, sendo 31 no espectro. A iniciativa da Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Educação, já nasce com o compromisso de crescer e alcançar outras unidades da rede.
